sábado, 23 de junho de 2007

Resistência argentina à ditadura transformada em "Memória do Mundo”

Enquanto no Brasil a promoção póstuma do Capitão Carlos Lamarca ao posto de Coronel causou tanto celeuma, a Argentina dá mais um passo na reconciliação com a verdade histórica e a justiça. É que lá, assim como em vários outros países que agem diferentemente do Brasil nesta questão, anistia não significou amnésia.

A Argentina acaba de transformar o amplo acervo documental que abrange o período sanguinário de 1976 a 1983 em MEMÓRIA DO MUNDO, um reconhecimento outorgado pela UNESCO que equivale ao status de patrimônio da humanidade. “É uma distinção à luta dos organismos de direitos humanos e à responsabilidade e compromisso do Estado pela defesa da memória”, declarou a ativista de direitos humanos Graciela Karababikian.

O programa Memória do Mundo foi criado pela UNESCO em 1992. De acordo com a instituição, “baseia no suposto de que alguns elementos, coleções ou fundos de patrimônio documental formam parte do patrimônio mundial, à semelhança dos sítios de notável valor universal incluídos na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Se considera que sua importância transcende os limites do tempo e das distintas culturas, e que devem preservar-se para as gerações atuais e futuras e postos de alguma forma à disposição do todos os povos do mundo”.

O povo argentino, através de várias organizações sociais, principalmente das Madres y Abuelas de la Plaza de Mayo, nunca permitiu apagar da memória os trágicos anos da ditadura daquele país. Das medidas adotadas pelo governo Kirchner, devem ser destacadas justamente aquelas que colocaram fim ao princípio da “obediência devida” e retomaram os julgamentos dos militares assassinos.

Passo adiante na Argentina e em outros países não estimula atitudes semelhantes no Brasil. A histeria em torno da condecoração póstuma do Lamarca, além de cínica, se apega em mentiras históricas e falsifica a biografia e história dele.

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