Jeferson Miola, integrante do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre - jmiola@uol.com.br
Nas últimas eleições no Rio Grande do Sul, o conservadorismo gaúcho esconde os reais propósitos da sua ideologia e se camufla em imagens, clichês e bordões de apelo subjetivo.
Diante da derrota das fracassadas fórmulas neoliberais aplicadas especialmente no governo estadual no período 1995/1998, a direita gaúcha se transforma em camaleão para parecer o que não é e esconder o que de fato representa. As eleições, sob a ótica conservadora, passaram a ser convertidas em concursos de propaganda e de marketing, cheios de generalidades confortantes, sedutoras e com cada vez menos conteúdo programático para responder aos problemas concretos da população. Esta estratégia propagandística-eleitoral tem encontrado na grande mídia um poderoso meio de propagação, que sedimenta essa mistificação no imaginário social.
Em 2002, por exemplo, o atual governador foi eleito sob a consigna da “pacificação do Rio Grande”. Não se discutiam propostas concretas para a saúde, educação, empregos, juventude e desenvolvimento, porque o que dominava o ambiente político e social era tão somente o tal sentimento de “pacificação do Rio Grande”.
Tanto a propaganda eleitoral como a mídia operaram com eficiência em duas dimensões - i] para sedimentar uma versão parcial e anti-histórica sobre a gênese dos conflitos na política gaúcha daquela época, em que a oposição ao projeto democrático-popular empregou técnicas e métodos não muito diferentes do terrorismo tucano-pefelista na oposição ao governo Lula e na eleição presidencial desse ano; e ii] para isentar a oposição do ódio e sectarismo e ao mesmo tempo estigmatizar o governo Olívio Dutra e principalmente o PT, tratando como nefastos à vida política gaúcha e cuja continuidade deveria ser evitada de qualquer maneira.
Nas eleições municipais de 2004 a direita gaúcha outra vez se coesionou no bloco de “todos contra o PT” e aperfeiçoou a estratégia propagandística adotada nas maiores cidades do Rio Grande governadas pela Frente Popular, como Caxias do Sul, Pelotas e Porto Alegre. Nada de programas e propostas concretas para responder às necessidades do povo, mas apenas bordões sedutores tipo “manter o que está bom e mudar o que precisa ser mudado”. Dito de outra maneira, seria como incutir a seguinte máxima: “apesar de ser bom com o PT, não pode continuar com o PT”.
Nos últimos embates eleitorais gaúchos, portanto, o disfarce e o engodo venceram a política.
Nessa eleição Yeda é mais que candidata. É a mais recente trucagem oferecida como um “novo jeito de governar”. Este e vários outros bordões são repetidos à exaustão com o objetivo de impregnar o senso comum com formulações fantasiosas e mistificadoras das pessoas, da política e da história. Os partidários de Yeda ridiculamente chegam a igualá-la a Ana Terra e Anita Garibaldi!.
Nessa eleição Yeda é mais que candidata. É a mais recente trucagem oferecida como um “novo jeito de governar”. Este e vários outros bordões são repetidos à exaustão com o objetivo de impregnar o senso comum com formulações fantasiosas e mistificadoras das pessoas, da política e da história. Os partidários de Yeda ridiculamente chegam a igualá-la a Ana Terra e Anita Garibaldi!.
Uma candidatura não é expressão de devaneios e delírios pessoais ou coletivos. Menos ainda de fantasias e de abstrações mistificadoras que ocultam o passado, as trajetórias e os compromissos programáticos unicamente para iludir o povo e fraudar sua vontade genuína de escolha.
O revés contínuo que Yeda vem sofrendo no segundo turno não representa somente perdas eleitorais, mas felizmente a derrota de uma técnica propagandística muito perigosa que mistifica biografias, demoniza quem contraria seus interesses, falseia a história e converte a política em recurso de alienação, ao invés de propiciar a libertação criativa e participativa.
Olívio vem vencendo objetivamente a disputa pois vem conseguindo construir maioria eleitoral, social e política. Mas a vitória mais importante de Olívio se desenrola precisamente no plano subjetivo, de geração de consciências e de recuperação, junto ao imaginário social, dos verdadeiros valores da igualdade, fraternidade, solidariedade e da liberdade.
Olívio não se desmancha no ar como a adversária do povo gaúcho porque exibe com orgulho sua origem, sua história e sua visão de mundo. Ele tem a humildade de quem quer aprender com as experiências vividas, e seu compromisso com um futuro generoso para todo o povo gaúcho não é retórica eleitoral, mas o emblema de uma vida comprometida com transformações. A solidez do Olívio é produto da história de vida e de luta do nosso povo, que foi talhado para vencer, e sempre, toda e qualquer mistificação da política e da história.
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