Fisk é jornalista do The Independent, tradicional jornal britânico, e revela não usar a internet e email, mas sim arquivos impressos sobre os assuntos dos quais trata. Em seu currículo, ostenta a rara [senão única] entrevista realizada por um ocidental com Osama Bin Laden. Diretamente na caverna em que o “co-pai dos terrores” vivia [o outro “pai dos terrores” atende por GW Bush].
Robert Fisk esteve nos últimos dias no Brasil participando da Feira Literária Internacional de Parati [FLIP]. É de lá da FLIP que foi feito o relato do blog de Marcelo Tas sobre o “encontro com Robert Fisk, o ‘animal furioso’”.
Um preâmbulo das opiniões lúcidas de Fisk:
“Os jornais geralmente tratam os assuntos, especialmente a guerra, como um jogo de futebol. Concedem 50% do tempo para cada adversário. Mas a guerra não é um jogo de futebol. Se eu fosse contar a história do tráfico de escravos africanos para o Brasil deveria dar 50% de espaço para os traficantes de escravos expressar suas opiniões? E também outro tanto para os nazistas?
Uma guerra é pura dor. Já estive num corredor de hospital em Bagdá com o chão ‘inundado’ por três centímetros de sangue. Vi uma criança sem perna com sua mãe ao lado segurando seu braço decepado. Junto delas, um soldado iraquiano com o olho perfurado. Era um soldado do exército que defendia Saddam Hussein. A guerra é o fracasso da civilização.
Por isso não acredito em jornalismo de manchetes. Não se pode brincar com a guerra. A imprensa numa hora dessas pode ser uma arma letal. Como foi o The New York Times que apoiou a invasão do Iraque por George Bush. O mesmo jornal disse que no Independent cobrimos o Oriente Médio como animais furiosos. Fiquei muito feliz com essa condecoração (risos).”
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