O influente New York Times, assim como o seleto punhado de jornais conservadores dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Europa que produzem 90% das notícias que dominam o noticiário no mundo inteiro, em março de 2003 utilizou toda a sorte de ardis e mentiras para estimularem a guerra unilateral promovida por George W. Bush contra o Iraque. A despeito da ONU e de todos os demais países e governos contrários à invasao, à exceção da Inglaterra de Blair, da Itália de Berlusconi, da Espanha de Aznar e de Israel de Sharon.
O NY Times não poupou o tom macarthista na sua cruzada. Dividiu a humanidade em dois tipos, entre “os que são favoráveis aos Estados Unidos e sua estupidez” e os que são “aliados do terrorismo de Bin Laden e seu bando”. Chegaram a inventar, assim, uma nova modalidade de “patriotismo mundial”.
Com o fabuloso poder midiático mundial de pasteurizar e editorializar absolutamente todos os itens da vida moderna – da cultura aos hábitos de consumo, às preferências de educação e “até” os “prosaicos” assuntos de guerra -, este jornalismo conseguiu provisoriamente entorpecer mentes mundo afora com a falácia da “necessidade” da guerra.
Durou pouco: apesar da cegueira intencionalmente provocada, já a partir de abril de 2003, um mês depois do início da invasão anglo-estadudinense, começaram as gigantescas manifestações em todo o mundo contra a guerra.
Hoje, com mais de quatro anos de atraso, o NY Times se volta contra a estupidez que teve papel fundamental na promoção. Sem nenhuma crise de consciência e sem a mínima autocrítica, defende em editorial a imediata saída dos soldados dos Estados Unidos do Iraque.
Sustenta que a saída deve se dar “no prazo estritamente necessário para a remoção operacional e logística”, deixando o Iraque de pernas pro ar e ardendo em fogo. Assim, como se não tivessem mais nada a ver com o assunto. Decerto chamarão a “comunidade internacional” para administrar outra tragédia humanitária semeada pelo governo imperial que defendem.
O NY Times, dessa forma, segue sua sina de colonizadores bárbaros. Faz jus à condição de imprensa imperial. São os donos do mundo, e tirante os interesses dos Estados Unidos, o “resto” não interessa, ainda que sejam os destroços gerados por eles mesmos. Fazem terra arrasada do território e da vida dos outros, extraem todas as riquezas e benefícios almejados e simplesmente caem fora.
É o que fica explícito no texto do editorial de ontem do jornal – “O caminho para casa” -, que prova que quando o cinismo e a canalhice vencem, o futuro pode se transformar em miragem.
“Está assustadoramente claro que o plano de Bush é levar a situação enquanto for presidente e depois despejar a confusão nas costas de seu sucessor. Seja qual fosse sua causa, ela está perdida.
Os líderes que Washington apoiou [sic] são incapazes de colocar os interesses nacionais acima do acerto de contas sectárias. As forças de segurança que Washington treinou se comportam como milícias sectárias [sic]. As forças militares adicionais enviadas à região de Bagdá não conseguiram mudar nada.
Continuar a sacrificar as vidas de soldados americanos é errado. A guerra está solapando a força das alianças e das forças militares do país. Ela é um perigoso desvio de atenção da luta de vida ou morte contra o terror. É um ônus sobre os contribuintes americanos e uma traição ao mundo, que precisa da aplicação sábia do poderio e dos princípios americanos. A maioria dos americanos chegou a essas conclusões meses atrás”.
Para ler todo o texto do editorial, que foi publicado pela FSP ...
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