domingo, 8 de julho de 2007

2 em 1: Chávez / Venezuela e Biocombustíveis

O Blog do Alon no texto “O embaixador do aumento do preço da comida” comenta sobre [i] a posição de senadores do PT a respeito dos ataques da direita “senatorial” brasileira à Venezuela e ao governo de Hugo Chávez e [ii] sobre o papel desempenhado pelo Brasil na produção de biocombustíveis.

Sobre [i] Chávez e a situação venezuelana, Alon diz que “nem o governo dos Estados Unidos, com quem o presidente venezuelano, Hugo Chávez, vive às turras, ousa dizer que as eleições na Venezuela não são democráticas. Mas o que nem a Casa Branca tem coragem de externar já é dito sem peias no Brasil. ... É triste que o nosso parlamento tenha se tornado um foco de agitação antivenezuelana. Sem que os senadores da esquerda oponham resistência significativa. Peço que me mostrem uma atitude ou ação do governo venezuelano que possa ser interpretada como ofensiva ao Brasil. O problema está no sentido oposto: as crescentes provocações políticas partidas daqui contra a Venezuela. Sem que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva ou o PT reajam”.

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Sobre [ii] biocombustíveis Alon analisa que “O mesmo Lula que começou seu ciclo no poder vendendo-se como o embaixador do combate à fome, especialmente na África, transformou-se no embaixador da redução da dependência americana do petróleo. O que o faz acumular outro papel: embaixador mundial do aumento do preço da comida. O que vai prejudicar especialmente os mais pobres. Principalmente na África. E aumentar a fome. Claro, você sempre pode acreditar que as oportunidades de negócios criadas pelo novo ciclo monocultor vão representar a libertação dos povos explorados e oprimidos, principalmente na África e na América Central. Você e a Velhinha de Taubaté, se ela já não tivesse morrido”.

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Mais água no feijão
Sobre os dois assuntos, acrescem-se os seguintes comentários:

[i] O Secretário de Relações Internacionais do PT [Valter Pomar] publicou artigo a respeito da atitude acanhada dos senadores do PT quanto ao affair Venezuela. Atitude que desde o início do século passado atendia pelo nome de “cretinismo parlamentar”, e

[ii] Os biocombustíveis não podem ser tratados como o “nosso” pensamento único de alternativa energética e vendido com fanatismo como a salvação do mundo. Aliás, em termos de linguagem profética, vale ler a entrevista de Lester Brown na FSP, onde o ambientalista americano diz que o “uso do milho por usinas de álcool desencadeou uma disputa de proporções épicas entre os 800 milhões de donos de carros e os 2 bilhões de pessoas mais pobres do planeta”.

Um comentário:

Claudinha disse...

Quanto ao biocombustível, é lamentável ver o Brasil servindo de "alternativa" energética aos EUA, cuja sociedade perdulária não tem a mínima intenção de modificar seu comportamento para economizar combustível. Tanto é assim, que, no Canadá, os estadunidenses estão extraindo betume da areia, tornando aquele país um dos que mais contribuem para o aquecimento global. Ou seja, o desespero dos EUA por fontes energéticas é tamanho, que ninguém se preocupa com as conseqüências, como se isso fosse possível!
Quanto ao nosso Senado e seus representantes do PT, eu não me adimirei com a reação, pois sou testemunha de que gente muito boa, que mora no meu coração e de esquerda chamou o Pres. Chávez de autoritário pela medida tomada em relação a RCTV. Já o Partido dos Trabalhadores escreveu moção de apoio ao Chávez por conta da confusão causada pelos papagaios brasileiros.
E o Governo Lula é assim mesmo: tem sacadas geniais, mas tem coisas de doer na alma. Pode parecer uma opinião confomista, ou conformada, mas não é. Temos os nossos espaços de opinião, nas quais expressamos todas as nossas indignações, bem como não nos furtamos aos elogios. O que falta, isso sim, é uma ação política mais conseqüente, no sentido de causarmos alguma comoção na sociedade e forçarmos o debate aberto e franco. Por isso temos a sensação de que tudo está perdido, porque não conseguimos impor a pauta: sabes aquela coisa chamada mídia, política de comunicação, etc, etc, etc?
Abraço!