Este feito ganha relevância dobrada se examinadas as circunstâncias extremamente desfavoráveis em que se desenrolou. A começar pela estupidez do caso do dossiê, que atingiu notavelmente o ânimo de militantes, simpatizantes e das pessoas identificadas com o PT.
O Rio Grande, por sua singularidade, foi o Estado onde o bombardeio da imprensa causou maiores danos ao desempenho não só do Lula, mas principalmente da candidatura estadual do PT. O Rio Grande era a única unidade da federação
Havia também uma movimentação subterrânea que visava excluir Olívio do segundo turno para assim possibilitar um ambiente livre e desimpedido para o acerto, em “estado puro”, da continuidade do comando conservador do Estado, da gestão dos negócios públicos e da orientação dos subsídios, apoios e instrumentos estatais. Ou seja, uma tentativa de polarizar a decisão sobre o futuro do Estado exclusivamente no campo da direita gaúcha.
Circulam teses impressionistas sobre a hipótese de ter havido um esquema armado e mal-sucedido de troca de votos para turbinar Yeda e Rigotto e detonar Olívio - o próprio governador-candidato insinuou haver uma armação do PSDB/PFL/PPS neste sentido, em entrevista após a derrota.
Mas a tentativa de detonar Olívio foi menos resultado dessa hipotética [senão inexeqüível] armação do que de uma engenhosa operação da direita com amparo da mídia, com fatos consumados e a difusão permanente de um clima artificial de vitória de Yeda e Rigotto que exerceram influência na opção feita por parte do eleitorado.
A mídia operou cientificamente este objetivo e tratou de danificar a imagem do PT e prejudicar Olívio nas muitas formas que pôde: com reportagens mentirosas, parcialidade na abordagem do dossiê, espaços desbalanceados e/ou desprivilegiados nos veículos, pesquisas fraudulentas e indução da vontade popular mediante cobertura tendenciosa.
A mídia também elegeu antecipadamente Simon como senador pelo PMDB, atribuindo-lhe nunca menos que 45% de votos, enquanto na eleição obteve 32%. Ou se poderia dizer que derrotou o candidato Miguel Rossetto por antecipação, sempre apresentando-o com pretensões próximas a 14%, quando na eleição obteve quase 30% da preferência popular – um escândalo! E o lamentável é que desta vez, além do grupo RBS, outros meios de comunicação regional atuaram de maneira tendenciosa nas eleições.
Por todas essas circunstâncias, a ida de Olívio Dutra ao segundo turno no Rio Grande do Sul é mais um passo decisivo da emocionante caminhada “rumo à estação vitória”. A conquista desse lugar em meio a tremendas dificuldades confere uma gigantesca força moral capaz de impulsionar a vitória definitiva de Olívio no segundo turno.
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