segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Significado transcendental

Neste 1º de outubro transcorreu mais do que a eleição no Rio Grande. Teve lugar um acontecimento de significado transcendental para o PT gaúcho. O povo alçou Olívio ao segundo turno para derrotar a velha direita - que agora se apresenta travestida de “novo” - numa eleição dificílima e dramática.

Este feito ganha relevância dobrada se examinadas as circunstâncias extremamente desfavoráveis em que se desenrolou. A começar pela estupidez do caso do dossiê, que atingiu notavelmente o ânimo de militantes, simpatizantes e das pessoas identificadas com o PT.

O Rio Grande, por sua singularidade, foi o Estado onde o bombardeio da imprensa causou maiores danos ao desempenho não só do Lula, mas principalmente da candidatura estadual do PT. O Rio Grande era a única unidade da federação em que Lula havia vencido todos os pleitos presidenciais desde o segundo turno de 1989 contra Collor de Mello. Nesta eleição, entretanto, Lula sofreu uma derrota acachapante para Alckmin.

Havia também uma movimentação subterrânea que visava excluir Olívio do segundo turno para assim possibilitar um ambiente livre e desimpedido para o acerto, em “estado puro”, da continuidade do comando conservador do Estado, da gestão dos negócios públicos e da orientação dos subsídios, apoios e instrumentos estatais. Ou seja, uma tentativa de polarizar a decisão sobre o futuro do Estado exclusivamente no campo da direita gaúcha.

Circulam teses impressionistas sobre a hipótese de ter havido um esquema armado e mal-sucedido de troca de votos para turbinar Yeda e Rigotto e detonar Olívio - o próprio governador-candidato insinuou haver uma armação do PSDB/PFL/PPS neste sentido, em entrevista após a derrota.

Mas a tentativa de detonar Olívio foi menos resultado dessa hipotética [senão inexeqüível] armação do que de uma engenhosa operação da direita com amparo da mídia, com fatos consumados e a difusão permanente de um clima artificial de vitória de Yeda e Rigotto que exerceram influência na opção feita por parte do eleitorado.

A mídia operou cientificamente este objetivo e tratou de danificar a imagem do PT e prejudicar Olívio nas muitas formas que pôde: com reportagens mentirosas, parcialidade na abordagem do dossiê, espaços desbalanceados e/ou desprivilegiados nos veículos, pesquisas fraudulentas e indução da vontade popular mediante cobertura tendenciosa.

A mídia também elegeu antecipadamente Simon como senador pelo PMDB, atribuindo-lhe nunca menos que 45% de votos, enquanto na eleição obteve 32%. Ou se poderia dizer que derrotou o candidato Miguel Rossetto por antecipação, sempre apresentando-o com pretensões próximas a 14%, quando na eleição obteve quase 30% da preferência popular – um escândalo! E o lamentável é que desta vez, além do grupo RBS, outros meios de comunicação regional atuaram de maneira tendenciosa nas eleições.

Por todas essas circunstâncias, a ida de Olívio Dutra ao segundo turno no Rio Grande do Sul é mais um passo decisivo da emocionante caminhada “rumo à estação vitória”. A conquista desse lugar em meio a tremendas dificuldades confere uma gigantesca força moral capaz de impulsionar a vitória definitiva de Olívio no segundo turno.

A vitória do Olívio é essencial para o revigoramento do PT e da esquerda gaúcha. Além disso, também ajudará a dar um tempero da verdadeira esquerda tanto ao PT brasileiro como ao segundo governo Lula. Um gosto diferente e melhor do que fomos obrigados a amargar nos últimos tempos.

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