A guerra também produz muitos efeitos colaterais, cujas marcas ficam para sempre. A última guerra eleitoral gaúcha teve como efeito colateral imediato a transferência do Fórum Social Mundial para a Bahia. Em 2009, quando se reunirá novamente de maneira centralizada numa única edição mundial, o evento poderá ser realizado no Brasil - mas não mais
sábado, 25 de novembro de 2006
Fórum na Bahia: efeitos colaterais do neoliberalismo
Charge escrita
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
Fim da lei de caducidade no Uruguay
No semanário Brecha, pode ser lida a matéria de Samuel Blixen, Presente y futuro de los victimarios - Un pueblo agradecido:
"Juan María Bordaberry es el primer mandatario civil latinoamericano castigado con prisión por su responsabilidad en delitos de lesa humanidad como consecuencia de la imposición de una dictadura. Otros dictadores, como el argentino Jorge Videla y sus colegas de las juntas, marcharon a la cárcel, pero eran militares, exponentes de esos “profesionales del orden” que quebraron las instituciones haciendo el trabajo sucio de poderosos intereses. ...."
Os significados da ação declaratória contra Brilhante Ustra
A este respeito, vale ler a entrevista de Flávia Piovesan a Paulo Henrique Amorim, no blógue Conversa Afiada, que pode ser lida clicando aqui. No Estadão de ontem, a mesma professora de direito da PUC-SP concedeu entrevista no mesmo sentido.
Julgar torturadores e reescrever a verdadeira história
Jeferson Miola, integrante do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre - jmiola@uol.com.br
Para o povo alemão, por exemplo, o compromisso com o completo esclarecimento das atrocidades nazistas cometidas contra a humanidade há mais de 60 anos, é uma questão de Estado e de educação cívica e ética. Cada descoberta e cada nova verdade sobre as práticas nazistas ampliam a consciência alemã - e internacional - sobre a liberdade, os direitos e a tolerância e, principalmente, ajudam a catalogar a barbárie nazista como parte do inventário de um passado trágico que não mais se repetirá.
Na América do Sul, nos anos 1980-1990, as transições liberais-conservadoras das ditaduras militares para regimes democráticos contemplaram a concessão de anistias para os agentes de Estado que praticaram ações terroristas contra ativistas de esquerda e contra a população em geral. Essas democracias já nasceram, por isso, em dívida com a verdade, com a justiça e com a história – impuseram ilegitimamente um ponto final sobre o passado cruel e sangrento.
Com processos e tempos distintos o Chile, a Argentina e o Uruguay reabriram esse capítulo tenebroso das respectivas ditaduras militares e dos bárbaros crimes cometidos pelos agentes de Estado contra os militantes políticos. De acordo com a realidade de cada país, os torturadores – ex-ditadores, policiais, colaboradores civis e militares - estão sendo legalmente julgados e condenados pelos atos praticados no passado.
No Brasil, uma inédita ação cível impetrada pela família Maria Amélia e César Teles junto com Maria Criméia – todos ex-presos políticos – contra o torturador e hoje coronel aposentado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, quebra o silêncio imposto e pode representar um novo paradigma para o julgamento dos crimes da repressão no Brasil.
A ação judicial tem caráter declaratório e busca o reconhecimento dos danos sofridos à integridade física, moral e psicológica, e também quer reconhecer Brilhante Ustra como torturador. Adotando o codinome de Doutor Tibiriçá, Brilhante Ustra foi um dos piores algozes do regime e comandou o DOI-CODI em São Paulo durante o mais duro período do governo Médici.
A reabertura da discussão sobre os crimes da ditadura é componente essencial do reencontro do povo brasileiro com seu passado e com a projeção de um destino livre de arbítrios e violências contra a liberdade e a justiça.
Acusar a esquerda de vingativa e revanchista por defender a condenação legal dos crimes e dos criminosos, é tão infame quanto apagar a memória sobre a barbárie cometida. Continuar impondo ao Brasil o silêncio sobre os acontecimentos do passado equivale a amputar o direito do povo brasileiro à história e à verdade.
As gerações presentes não têm o direito de apagar da memória a crueldade praticada contra gerações passadas, deixando impunes aqueles que cometeram tantas atrocidades. Filmes honestos como Crônicas de uma fuga [2006], Kamkatcha [2003] e Zuzu Angel [2005] ilustram dolorosamente a crueldade dos torturadores, e não deixam nossa consciência em paz com um silêncio que também pode ser criminoso.
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
A verdade sem disfarces
Na primeira aparição pública depois de eleito, durante um envento ocorrido ontem numa universidade, Paulo Feijó revelou que foi obrigado pelos marqueteiros da campanha de Yeda a esconder os reais propósitos de privatizarem o BANRISUL, a FEE, a PROCERGS.
Agora, já dispensando os disfarces e truques aplicados nas eleições, começa a cair a máscara da governadora eleita e fica bem nítida a real feição que seu desastrado governo terá.
Outubro sangrento
Com o sugestivo título “Outubro vermelho no Iraque”, a matéria tergiversa sobre as causas do agravamento do conflito, que seriam devido à guerra de gangs, fundamentalismo religioso, delinqüência social, disputas étnicas e outros desvarios. A matéria não dedica uma linha sequer ao desastre da ação imperialista norte-americana e inglesa no Iraque - causa, inclusive, da derrota eleitoral de Bush e do desgaste crescente de Blair na Inglaterra e em toda a Europa.
Ricardo Villas e Tom Zé acontecem na bela e doce capital
Além da excelente música, a conversa agradável com Ricardo Vilas nos aproxima de uma parte crítica da história do Brasil que foi o golpe militar, a repressão política e o exílio. Ricardo fez parte, juntamente com Zé Dirceu, Flávio Tavares, Wladimir Palmeira, Fernando Gabeira, Franklin Martins e outros ativistas políticos, do grupo de militantes do MR-8 e da ALN que foi trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrinck em 1969.
Ricardo é um dos nove militantes remanescentes daquela experiência, e nesta condição prestou depoimento para o filme-documentário Hércules 56, dirigido pelo cineasta Sílvio Da-Rin, que relata o episódio do seqüestro do embaixador norte-americano e a troca pelos militantes políticos presos que rumaram em direção ao prolongado exílio. O filme, aliás, será lançado no 39º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro sendo exibido na seção de encerramento do festival, no próximo dia 28/11 – aqui se acessa a resenha do filme.
O show do Ricardo Villas, que terá acompanhamento de excelentes músicos gaúchos como Cláudio Sander e Leonardo Ribeiro, acontece hoje às 20h no Café Concerto da Casa de Cultura Mário Quintana.
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Tom Zé também é outra apresentação destacadíssima que acontece na bela e doce capital de todos os gaúchos e gaúchas. O show, que segundo o próprio Tom “não é música, é jornalismo cantado”, é mais uma exuberante performance deste revolucionário artista brasileiro.