sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Que seja feita a vontade

É óbvio que todo o inferno astral de Yeda teria sido menos infernal se não fosse esse o desejo da direita gaúcha, muito bem expresso na cobertura tanto da ZH quanto do Correio do Povo.

Mas também é óbvio que a ZH outra vez se notabilizou pela carga corrosiva que habitualmente só usa contra o PT.

E de quebra, ZH vem praticando como nunca um jornalismo tendencioso, indisfarçavelmente parcial a favor de Rigotto e que, quando não é contra o PT, é a desfavor do PT e dos seus candidatos.

O grupo RBS se comporta como Bush: não só atua como uma força imperial, mas tem a consciência de ser Império - mais que um monopólio, portanto.

Os últimos acontecimentos da semana insinuam estar havendo uma mudança de qualidade da conjuntura eleitoral a 15 dias das eleições. A ver.

Invenção tucana

No tal “jeito novo de governar” da candidata Yeda, os velhos hábitos são de arrepiar.

O jornal Correio Braziliense revelou que a famiglia Vedoin, da máfia das ambulâncias, agia com o aval do então Ministro da Saúde de FHC, José Serra.

De acordo com a matéria, o tucano teria determinado o empenho e a elaboração de convênios para emendas destinadas à compra de ambulâncias junto a empresas do grupo Planam.

Segundo o jornal, documentos mostram que o tucano “sabia da movimentação de parlamentares para aprovar emendas que distribuiriam ambulâncias superfaturadas para o estado de Mato Grosso - no famigerado esquema dos sanguessugas arquitetado pela empresa Planam, do empresário Luiz Antonio Vedoin”.

Vale lembrar que três deputados gaúchos foram denunciados na CPI das Sanguessugas: Edir Oliveira/PTB, que foi Secretário da STCAS no governo Rigotto até abril passado; Paulo Gouveia/PL, cujo partido integra a coligação de Yeda e Érico Ribeiro, do PP de Francisco Turra.

Crusius credo

A candidatura Yeda Crusius parece se deslocar triunfalmente para ... o naufrágio.

Vive um verdadeiro inferno astral. Neste aspecto, está bem sintonizada com Alckmin, o candidato presidencial do seu partido que aparece mais na campanha de TV do Turra [PP] do que na propaganda dela.

Não bastasse a revelação de sua personalidade intolerante e preconceituosa [exposta na TV Pampa], nestes últimos dias mais um disfarce da candidata foi desmascarado.

E por alguém profundamente conhecedor dos objetivos e conceitos da campanha de Yeda: o publicitário Chico Santa Rita, que levou um enorme calote.

Palavras de Chico:

- “Li uma declaração de que campanha é assim mesmo. É assim mesmo na campanha dela, que é campanha absurda, feita sem planejamento, sem respeito humano.

- “Em 30 anos de de marketing político, trabalhando em mais de cem campanhas, nunca vi uma irresponsabilidade tão grande.

- “Hoje fico me questionando o que seria desse Estado, que já tem problemas, se cair na mão desse pessoal.

E, por fim, a recomendação abortiva de Chico, o publicitário que sabe do que fala, pois foi um dos principais cérebros da formulação do engodo do “novo jeito de governar”:

- “Espero é que o crescimento que essa campanha ia ter, porque era viável, seja abortado pelos gaúchos.

Na eleição tá liberado

Na eleição, práticas de racismo e de preconceito religioso estão liberadas.
Este é o significado da decisão da juíza Marga Tessler do TRE, que proibiu o candidato Collares de veicular no horário eleitoral críticas ao comportamento racista e preconceituoso de Yeda durante o debate na TV Pampa da última segunda-feira.
Racismo e preconceito deve se combater e se repudiar a qualquer hora, em qualquer circunstância e junto a todas as pessoas, principalmente durante o processo eleitoral.
Eleição é um momento cívico, de geração de consciências, de pedagogia política e deveria ser, por excelência, uma ocasião para difundir uma cultura de tolerância e respeito racial, étnico e religioso.
É inaceitável que seja censurado o direito de crítica a uma atitude da candidata Yeda, que inclusive é tipificada como crime inafiançável.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Talibãs à brasileira

Por Jeferson Miola, integrante do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre

A direita brasileira subiu muito o tom dos ataques vis que vinha desferindo contra o PT e o governo Lula. E na mesma proporção da sua vilania política, perde o pouco que tinha de compostura, pondo a nu sua natureza histórica autoritária e preconceituosa.

As razões para o desespero e o descontrole político dos setores conservadores são evidentes: no horizonte eleitoral se fortalece a hipótese de vitória reeleitoral de Lula no primeiro turno e, ao que tudo indica, o PT preservará muito da sua representação parlamentar federal.

O conservadorismo brasileiro, articulado organicamente em torno do PSDB e PFL, tem apelado para um perigoso terrorismo verbal que não hesita em apregoar a adoção de saídas golpistas para uma crise cuja fantasiosa existência só é concreta no imaginário dos próprios incendiários da situação.

O repertório da violência política perpetrada é de tal contundência que, se não estivesse o Brasil em pleno estado de estabilidade democrática, se correria o risco de uma ruptura institucional. Não se pode desprezar os valores em disputa, que transcendem a simples eleição presidencial. A direita do país tem a consciência de que perdeu muito e perderá ainda mais com a continuidade de um projeto de governo nacional fora do seu raio de influência e distanciado da inserção internacional subordinada ao capital financeiro e ao governo norte-americano.

Ainda que aqui não seja o objetivo inventariar o conjunto das situações e opiniões proferidas por lideranças e intelectuais ligados ao PSDB e ao PFL, vale relembrar algumas passagens mais significativas:

[i] as declarações de índole fascista e racista do Senador Bornhausen, de que seria bom para o Brasil “a extinção da raça de petistas por pelo menos 30 anos”;

[ii] as ofensas histéricas e de caráter pessoal contra o Presidente Lula, feitas de maneira sistemática e sem a mínima comprovação pelo Senador ACM;

[iii] a associação do PT ao PCC, feita por José Serra e o reincidente Jorge Bornhausen, posteriormente repetida por outros dirigentes públicos do governo de SP quando de novos atentados da organização criminosa;

[iv] contagiado pelo surto de Bornhausen, Tasso Jereissati sentencia que “O estoque das bobagens que Lula fala não é maior do que o estoque de corrupção. Isso é uma coisa horripilante. Esse pessoal era para estar na cadeia.”;

[v] FHC, que protagonizou monumentais escândalos protegidos com a asfixia de CPI´s e o amordaçamento do MPF, alardeia um moralismo estranho à sua genética para ressucitar o “lacerdismo” e preconizar abertamente o golpismo como técnica de enfrentamento ao governo.

Na órbita intelectual, observam-se comportamentos similares. Em entrevista à Folha de São Paulo de domingo passado, 10/09/2006, o Ministro de Cultura de FHC, Francisco Weffort aplica o método de análise ficcional e machartista engendrado na era imperial de Bush para distorcer a realidade. O cientista político parece afeiçoado a esta abordagem que mistura uma aparente sociologia com uma visão terrorista e paranóica da realidade para enxergar, obviamente, “riscos para a democracia”.

Revelando o profundo desprezo nutrido pelos pobres por votarem em Lula, Weffort disse:

Lembra-se do ‘rouba mas faz’? Lula é o Adhemar de Barros destes novos tempos. O pobre que depende do Bolsa-Família para viver deve considerar muito distantes as controvérsias sobre malversação de dinheiro público. Se ele não paga imposto por que preocupar-se com isso? O pobre não julga nem inocenta ninguém, ele simplesmente deixa isso de lado.
Além disso, esse pobre tipo Bolsa-Família depende da orientação eleitoral de um político local. E esse político, em geral de regiões dependentes do país, também faz vista grossa - quando não participa da corrupção. Assim como o pobre depende de uma ajuda para um prato de comida, muitos políticos dependem do governo federal para sobreviver.”
.

Weffort ainda profetiza que Lula “estará, desde o início [do segundo governo], debaixo da crítica cerrada da opinião publica. Sua nova gestão já começará velha, o que é sempre um risco para a democracia.”.

Não é o caso, nesse artigo, de se contestar teoricamente ou sociologicamente as conceituações rasteiras de Weffort sobre os direitos civis equivalentes a cada “tipo de pobre” ou cobrar-se rigor nas imputações graves feitas a pessoas sem comprovações – o que é atribuição do Poder Judiciário, desde que demandado.

Mas é fundamental observar-se que toda a “análise” de Weffort, camuflada em aparente “rigor acadêmico” imanente a um intelectual, serve para instrumentalizar o que de melhor exprime o objetivo do combate do pólo reacionário brasileiro contra a esquerda: sugerir a idéia de “riscos para a democracia” e, assim, justificar o golpismo político.

Neste ambiente, não há espaço para racionalidade analítica. Sequer para reconhecer as contradições do governo Lula, causadas por alguns que espezinharam sobre os valores originais do PT, se promiscuíram politicamente e mergulharam fundo na invenções do tucanato e da classe dominante no interior do aparelho de Estado.

O objetivo vil de atacar o PT a qualquer custo impede, por exemplo, que se diga que foi devido à atuação exemplar da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de órgãos de controle interno da própria administração [como a Controladoria-Geral da União] que muitas investigações tiveram curso e permitiram o indiciamento de pessoas envolvidas nos escândalos.

A vilania também cega esse conservadorismo, que não é capaz de enxergar as punições feitas com demissão de cargos no governo, com expulsões do PT e com a continuidade de outros procedimentos partidários que devem, sim, resultar em novas expulsões decorrentes dos julgamentos éticos promovidos pelo PT.

Mas o que o outro lado tem a dizer, mais além de simplesmente reconhecer que está em fragilidade para atacar ainda mais pois o PSDB “tapou o sol com a peneira” sobre Eduardo Azeredo / Valerioduto e que foi no governo tucano-pefelê que as sanguessugas foram criadas e vitaminadas [FHC na carta-manifesto]? Não podem dizer nada, pois foram causadores dos maiores escândalos da história do país, compraram votos para a reeleição, realizaram privatizações suspeitas mediante a interdição do trabalho republicano das instituições investigativas e da asfixia de todas as tentativas de instalação de CPI´s.

Também na mesma edição dominical da Folha de São Paulo há outra entrevista, porém com um cientista político [Fabiano Santos], que analisa com equilíbrio e isenção os acontecimentos e escândalos recentes da política brasileira e recomenda aos talibãs fundamentalistas que "encarem as dificuldades com tranqüilidade democrática, e sem recorrer a lacerdismos”.

Pelo visto, o Brasil pós-tucanato se tornou um entreposto do Afeganistão, fornecendo os talibãs fundamentalistas que enxergam “riscos de Moscou” a cada avanço da esquerda.

“Ministra-fantasma, ente ficto, ectoplasma tecnocrático ...”

Agora se pode entender a cólera e o comentário preconceituoso de Yeda diante da pergunta de Collares sobre a passagem meteórica dela no Ministério de Planejamento do Governo Itamar Franco.

No debate da TV Pampa na última segunda-feira, Collares afirmou que Yeda durou apenas 104 dias corridos ou 58 dias úteis no Ministério, e que nada se percebeu de útil no trabalho dela, que saiu do governo como “uma vela que se apagou ...”.

Ao que Yeda revelou seu racismo e preconceito com o candidato Collares, que é negro, e com as religiões afro-descendentes, dizendo que também “se pode acender uma vela em esquinas ...”.

Mas o que importa é que de fato esse assunto é muito irritante para a candidata. E não sem razão, pois sua passagem pela Administração Federal foi simplesmente desastrosa, inexpressiva e desnorteada.

Na verdade, ela foi demitida do Ministério, e não teve uma saída suave, assim como “uma vela que se apagou” ...

Na coluna do Paulo Sant´Ana de 7 de maio de 1993, o colunista assim se refere ao episódio:

... Esta flutuação da ministra Yeda Crusius por Brasília, sem pasta, sem planejamento, sem norte, um vazio administrativo a rondar-lhe os passos hesitantes, é um cartaz eloquentemente negativo do governo.

Somente a irresponsabilidade e o despreparo governamental explicam a colocação de Yeda Crusius no Ministério do Planejamento. Se a gente for contar aos netos, na passagem do século, eles não acreditarão: fizeram um plano econômico, anunciado com impacto à nação, sem consultar a ministra do Planejamento. Mas se ela não planeja, o que faz?

...

...

Aí ela chegou [ao Palácio do Planalto, para o anúncio do Plano Real], visivelmente contrariada, demissionária, sem poder, esvaziada, vivendo a sensação de um espectro bailante e amorfo em meio ao ministério. E desde aquele dia Yeda Crusius permanece na UTI do ministério, ligada aos tubos, com difícil respiração artificial. É uma ministra-fantasma, um ente ficto, um ectoplasma tecnocrático, uma utopia dirigencial, uma avacalhação mais completa do papel da mulher na valorização última e elogiável de seu sexo na civilização moderna. ...

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Do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:

Ectoplasma: 1 camada mais externa do citoplasma 2 substância visível considerada capaz de produzir materialização do espírito.

Fantasma: 1 aparência destituída de realidade; puramente ilusória 2 visão que apavora, que aterroriza.

Ficto: 1 em que há simulação; falso, inventado, simulado.

Caiu a máscara do jeito manjado

O Biruta 05/setembro publicou a crítica “O jeito super-manjado” [disponível no blógue, mais abaixo], na qual chamou a atenção para os truques eleitorais aplicados pelo conservadorismo.

Enfim, advertiu para o camaleonismo da direita em época de eleições.

Tudo não passa de jogo-de-cena, de técnicas de marketing reforçadas subjetiva e cotidianamente pela grande mídia e que se convertem em “versões válidas” e que iludem o povo.

Depois que a malandragem e determinado bordão colam no imaginário social, fica difícil desmascarar os disfarces.

E chega um momento da eleição que não adianta demonstrar por A + B a fragilidade, a inconsistência, a mentira e o artificialismo dos oportunistas que mesmo assim não se consegue combater o fenômeno.

Vide Rigotto em 2002 e Fogaça [POA], Bernardo [Pelotas] e Sartori [Caxias] em 2004.

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Por isso tem muita relevância a revelação do desastre administrativo e financeiro da campanha da Yeda. Porque permite desmistificar antecipadamente o engodo e a empulhação do tal “jeito novo de governar”.

Yeda faz na campanha o que o PSDB costuma fazer quando governa: esculhamba as finanças, cria dívidas gigantescas, gasta mais do que deveria, contrata um monte de amigos e correlegionários da salada partidária e depois, com a crise da gastança, demite funcionários para conter despesas.

Yeda é o velho jeito, que nunca deu certo no país e no Rio Grande, com o PMDB.

E o pior: com a falta de experiência administrativa dela, o Rio Grande seria atingido por outro e pior tsunami.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Intendência Gerdau

Chama a atenção, em meio ao tiroteio de números que só retratam a profundidade da crise das finanças estaduais, a divulgação de uma melhora de R$ 483 milhões nas contas estaduais.
Infelizmente a matéria não é verdadeira, porque o Estado não precisaria ter abocanhado o dinheiro dos depósitos judiciais privados para pagar a folha de salários de agosto. E o governo não precisaria aumentar a dívida com juros dos empréstimos do Banrisul para pagar o 13º salário.
Segundo a notícia oficial, R$ 123 milhões teriam sido obtidos com a contenção de despesas e R$ 360 milhões auferidos através de aumento das receitas [além do tarifaço de ICMS] entre fevereiro de 2005 e setembro de 2006.
Apresentado com pomposidade ontem no Palácio Piratini, tal desempenho seria resultado do trabalho de consultoria - sem custos para o Estado - desenvolvido por Vicente Falconi através do PGQP [Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade].
Não se pode esquecer que a cerca de três meses atrás, o mesmo consultor havia divulgado resultados pífios do trabalho em função do que considerou a “liderança fraca” do Governo Rigotto.

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É revelador como o empresário Jorge Gerdau Johannpeter figurou como um dos principais sujeitos da notícia.
Falando como um intendente ao velho estilo das capitanias hereditárias, Gerdau se manifestou como o legítimo governante e capitão do time de governo: “Talvez a observação de Falconi tenha nos ajudado a caminhar melhor. Muita moleza faz a gente perder no futebol.”.
E já houve tempo na política gaúcha em que pela simples nomeação de CC´s [sic], um governo foi acusado de partidarização.
O que dizer da empresarização do Estado e constituição das Intendências Privadas?
O Estado vai mal, mas Rigotto manteve os benefícios fiscais do Fundopem para o Grupo Gerdau.
O intendente quer um Estado cada vez mais mínimo para a população e mais máximo para seu grupo empresarial.

Polícia exemplar

O ex-Ministro Palocci foi indiciado pela Polícia Federal devido à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo e por denúncia caluniosa e prevaricação.
Palocci também corre o risco de ter cassada sua candidatura a deputado federal por São Paulo. É o preço que está pagando pelas práticas condenáveis quando no exercício do cargo de Ministro.
O indiciamento e a rapidez do processo contra Palocci não constitui novidade, pois esta tem sido a rotina da atuação das instituições investigativas do Estado brasileiro, como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Ministério da Justiça.
Já no período do tucanato, Procurador da República engavetava processos, parlamentares eram comprados para aprovar a reeleição, privatizações suspeitas não foram investigadas, banqueiros favorecidos ganharam exílio na Europa, coronéis impediam a PF de investigar pastas cor-de-rosa, CPI´s foram abortadas, sanguessugas foram vitaminadas, valeriodutos eram criados, ....
Ah, e a PF atuava para aniquilar adversários do projeto de poder do PSDB. Roseana Sarney que o diga.

11 de Setembro do Norte

Da coluna de Jânio de Freitas na FSP de hoje [12/09], sobre os ataques às torres gêmeas em Nova York:
As tragédias pessoais concentraram a comoção pelo ataque às torres, mas, em outro plano, é ainda mais triste a incapacidade dos Estados Unidos de perceber a noção grandiosa que o horror daquele dia lhe ofereceu. Ali estava, naquela nuvem de pó e fumaça, de detritos de ferro e de carne, que invadia em ondas gigantes as ruas, os prédios, as pessoas, ali estava naqueles prédios que caíam sobre uma multidão de vidas a demonstração, pequena demonstração, do horror que o poder dos Estados Unidos tem lançado sobre tantas cidades e suas populações tão inocentes, no mínimo, quanto as vítimas do 11 de setembro. Mas os americanos não perceberam.”.
Assinantes da Folha ou do UOL podem acessar a coluna na íntegra no endereço:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1209200614.htm

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Em pronunciamento ontem em cadeia de rádio e TV, Bush diz que “guerra é luta por civilização”, insinuando disposição de atacar “preventivamente” o Irã. Definitivamente não aprenderam nada mesmo.

11 de Setembro do Sul

Pouco foi celebrado em memória aos 33 anos do golpe militar no Chile, com a deposição e assassinato do Governo Popular de Salvador Allende.
Lá, como em vários países latino-americanos e da periferia do capitalismo, ocorreram intervenções brutais de tropas internas apoiadas pelos governos de Washington.
O terror de Estado dos governos imperialistas norte-americanos é irmão gêmeo do terror fundamentalista que assombra o mundo hoje. E vem desde a muito tempo.

Talibãs

O senador Tasso Jereissati, que é presidente nacional do PSDB, voltou a sugerir o impeachment do presidente Lula após a divulgação de denúncia de que o governo federal teria distribuído materiais institucionais através do PT.

Se de fato ocorreu alguma irregularidade, os funcionários implicados devem ser severamente punidos. E, diferentemente da era tucana, a PF, o MP e os órgãos federais investigam de verdade, doa a quem doer.

Mas daí a propor um processo de impedimento do Presidente é ser mais realista que o rei, ou melhor, mais lacerdista que o próprio Lacerda.

O desespero é perturbador no lado dos golpistas. Estão na fase que nada parece dar certo: a carta-manifesto do FHC, candidatos deles apoiando Lula, coordenador de campanha se demitindo, ....

Para que nunca mais aconteça II

Foi enterrado ontem o candidato do PTB a deputado estadual em SP, coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, principal responsável pelo massacre de 111 presos do Carandiru.

Foi morto gozando de liberdade e imunidade.

E concorria com o número 14.111.

Extratos debate TV Pampa

Adiante, alguns comentários preliminares sobre o debate eleitoral ocorrido tarde da noite de 11/09 e início desta madrugada de 12/09 na TV Pampa:


Entre tsunamis
Depois do maremoto vem a calmaria. Essa parece ser a crença e a sina de Olívio Dutra.
No debate da TV Pampa, Olívio disse que assumiu o governo do Rio Grande depois de um tsunami, e que foi sucedido por outro tsunami. Ambos, causados pela aliança PMDB-PSDB.
Agora, governará outra vez o Rio Grande para reconstruir o Estado depois de tamanha destruição.
E ele assegura que para enfrentar colossais dificuldades, é essencial coragem e destemor. O que demonstrou possuir quando governou o Estado de 1999 a 2002.


Tirando do marasmo
Olívio foi enérgico ao responder a uma tentativa capciosa do candidato Turra de imputar ao candidato do PT a pecha do atraso. Olívio chamou Turra à realidade e disse que os governos em que o PP tomou parte levaram o Rio Grande ao marasmo, e que foi como se "agarrasse o Rio Grande pelos cabelos para tirar do buraco em que governos conservadores tentaram enfiá-lo".


Sem véu
Yeda bem que tentou aplicar outra vez o truque de que representa o “novo jeito de governar”, mas se saiu mal. Com uma cara de andróide teleguiada e com laquê suspendendo o novo corte de cabelos, a candidata mantinha uma expressão metálica e repetia mecanicamente o vocabulário prescrito por seus marqueteiros.
Se lhe perguntassem o local de nascimento, de tão condicionada a candidata seria capaz de responder: “sei, no novo jeito de governar”!
Mas já no primeiro confronto com Olívio, a candidata tentou tergiversar e ouviu do candidato da Frente Popular que não é nenhuma novidade na política e tem responsabilidades na crise do Estado, pois foi vice dos governos desastrosos do Britto e do Rigotto.
Além disso, Olívio disse que o tal “jeito novo” da candidato não passa da velha forma de privatizar, tirar dinheiro da saúde, da educação e da segurança e de atacar o funcionalismo.


Jogando com a direita
Definitivamente o candidato Roberto Robaina, do PSOL, revela portar a doença de esquerdismo infantil, a velha enfermidade detectada ainda no século XIX por Lênin. E, assim, faz direitinho o jogo da direita.
De forma odiosa e agressiva, associou o PT/RS com os esquemas de corrupção ocorridos em Brasília e cobrou satisfações do Olívio. Olívio foi duro: chamou de leviano e irresponsável o comportamento de Robaina, e estranhou a contradição do candidato, que saiu do PT mas não largou o CC de assessor parlamentar conquistado pelo PT.
Lamentável que o PSOL, que a dois anos recebeu assinaturas de apoio democrático de muitos militantes de esquerda para poder se legalizar, hoje perca a dimensão histórica e estratégica de qual o lado deveriam se posicionar.
A direção do PSOL, que é ideológica e teoricamente muito bem formada, não desconhece o fato de que em lugar de Lula não viria a Heloisa Helena, a Luciana Genro ou o Babá, mas sim a direita mais ortodoxa e conservadora vinculada à Opus Dei, com Alckmin.


Vela que se apagou

O candidato Collares foi outro que tirou o véu da “novidade” de Yeda. Esclareceu a responsabilidade do PSDB na profunda crise do Rio Grande como vice nos governos do PMDB.
Collares também alertou para o risco inexperiência administrativa de Yeda para governar o Estado.
Como exemplo, Collares citou a meteórica passagem da “andróide” pelo Ministério do Planejamento durante o governo de Itamar Franco.
Demonstrando respeito pela candidata, Collares somente mencionou que Yeda durou apenas 104 dias corridos ou 58 dias úteis no Ministério, poupando-a do constrangimento de ouvir que foi demitida por incompetência. Então saiu-se com o espirituoso comentário de que Yeda foi como “uma vela que se apagou ...


Racismo e preconceito como resposta

Visivelmente irritada, a candidata Yeda reagiu de maneira racista e preconceituosa à ironia de Collares, dizendo que também “se pode acender uma vela em esquinas ...”.
É um ataque inaceitável ao povo negro e às práticas religiosas afro-descendentes.


Em direção ao Norte e Nordeste
Sempre fugindo às responsabilidades sobre a crise do Rio Grande e o DNA incrustado na trágica situação do Estado, finalmente a candidata apresentou os refúgios onde se pode encontrar o tal “jeito novo de governar” do PSDB.Ficam no Pará, região Norte; e no Ceará, na região Nordeste brasileira. De imediato, sai na memória o massacre de 19 colonos em Eldorado dos Carajás como a “novidade tucana” no Pará, e a indústria de prostituição infantil e juvenil como “novidade tucana cearense”, onde os neoliberais do PSDB sequestraram o futuro das novas gerações. A ver, na seqüência, outros segredos da senha dada pela candidata ...
O estranho é que a candidata escolheu refúgio tão distante, quando poderia, por exemplo, ter citado o reino de São Paulo, onde os principais artífices do PSDB governam nos últimos 12 anos e onde vicejam coisas como o PCC ...

Governador-candidato limitado II
Rigotto foi afofado por todo mundo no canto do ringue. Em meio às críticas, outra vez se valeu da choradeira e da transferência de responsabilidades pelos problemas a São Pedro e ao governo federal.
Na falta de explicações convincentes sobre todos os números desfavoráveis a sua gestão, de novo demonstrou sua técnica diversionista para enrolar e manipular dados e misturar alhos com bugalhos.
Ah, Rigotto também não se cansou de dizer que fez o máximo que podia, que atuou dentro dos seus limites. Imaginemos se tivesse sido um pouquinho mais esforçado, qual seria o tamanho do buraco em que enfiaria o Rio Grande.

domingo, 10 de setembro de 2006

Para que nunca mais aconteça

A família de Maria Amélia e César Teles ingressou com uma ação civil contra o torturador e hoje coronel aposentado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, que durante a ditadura militar no Brasil foi um dos piores algozes dos presos políticos, dos seus familiares e de muitas pessoas inocentes.
É de se elogiar que a ação dessa família não busca indenização pecuniária ou a aplicação de pena ao torturador, protegido pela Lei da Anistia, mas a declaração de danos à integridade física, moral e psicológica sofrida.
A ação é mais uma homenagem à memória dos que tombaram na luta contra a ditadura, aos seus familiares, aos que sobreviveram e à luta pela libertação, contra as injustiças e as desigualdades.
Lembrar é fundamental, para que nunca mais aconteçam barbáries totalitárias contra o povo brasileiro e contra qualquer povo de qualquer parte do mundo inteiro.
Belíssima a coincidência de divulgação da medida da família Teles, que ocorre no mesmo momento em que está em exibição o imperdível filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
Assinantes do UOL ou da Folha poderão ler a matéria na íntegra na FSP de hoje:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1009200611.htm

Opiniões disparatadas

A Folha de São Paulo traz duas entrevistas interessantes na edição desse domingo.
Com Francisco Weffort, que foi Ministro da Cultura de FHC, na qual o entrevistado aplica o método de análise ficcional engendrado na era imperial de Bush: mistura uma aparente sociologia com uma visão terrorista e paranóica da realidade. De sobra, revela o profundo desprezo que a direita intelectual nutre pelos pobres que, tratados decentemente com políticas públicas, votam em Lula.
A outra entrevista, com o cientista político Fabiano Santos, que analisa com equilíbrio e isenção os acontecimentos e escândalos recentes da política brasileira e recomenda ao PSDB e seus talibãs que "encarem as dificuldades com tranqüilidade democrática, e sem recorrer a lacerdismos”.
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Assinantes do UOL ou da Folha podem ler as entrevistas na íntegra nos seguintes endereços:
Fabiano Santos: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1009200610.htm
Weffort: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1009200609.htm

Arquivar no Museu

O governador Cláudio Lembo, de São Paulo, tem se notabilizado por exprimir opiniões nada ortodoxas para os padrões dos talibãs do PSDB e do PFL.

Em frente ao Museu da Polícia de SP, o governador respondeu com pertinente ironia a uma pergunta de jornalista sobre a carta-manifesto de FHC: “É interessante você fazer essa pergunta em frente a um museu. Não entendi a correlação”.

Variações do mesmo tom ... ou: fascistas de plantão

Tanto mais se torna irreversível a derrota da direita brasileira, tanto maior é o desespero, o descontrole político, o golpismo e o terrorismo verbal desse conservadorismo que adquire contornos criminosos com o preconceito e a violência nos ataques que desfere.
Um resuminho do recente repertório deles:
- Bornhausen apregoou a “extinção da raça de petistas por pelo menos 30 anos”;
- ACM, na maior desfaçatez, sempre usa a tribuna do Senado para ofender pessoalmente Lula;
- Bornhausen e Serra associam o PT ao PCC [logo eles, cujos agentes do governo Alckmin se reuniram com o Camacho para fazer acordo!];
- FHC [aquele das privatizações suspeitas, da compra de votos, do Azeredo, das sanguessugas, etc] quer ressucitar Lacerda e preconiza abertamente um golpe no Brasil;
- Tasso Jereissati, acima da Lei, dos fatos e da verdade e por antipatia com Lula, fala que as bobagens de Lula são maiores que o estoque de corrupção e diz que “Esse pessoal era para estar na cadeia”.!?!?!?
Em entrevista na FSP deste domingo, Weffort diz que “Lula é o Adhemar de Barros destes novos tempos” [Para lembrar: Adhemar foi o prefeito paulista que se notabilizou pela expressão “rouba mas faz”].
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Pelo visto, o Afeganistão é aqui no Brasil, país-sede de nova espécie de talibãs fundamentalistas.