Agora se pode entender a cólera e o comentário preconceituoso de Yeda diante da pergunta de Collares sobre a passagem meteórica dela no Ministério de Planejamento do Governo Itamar Franco.
No debate da TV Pampa na última segunda-feira, Collares afirmou que Yeda durou apenas 104 dias corridos ou 58 dias úteis no Ministério, e que nada se percebeu de útil no trabalho dela, que saiu do governo como “uma vela que se apagou ...”.
Ao que Yeda revelou seu racismo e preconceito com o candidato Collares, que é negro, e com as religiões afro-descendentes, dizendo que também “se pode acender uma vela em esquinas ...”.
Mas o que importa é que de fato esse assunto é muito irritante para a candidata. E não sem razão, pois sua passagem pela Administração Federal foi simplesmente desastrosa, inexpressiva e desnorteada.
Na verdade, ela foi demitida do Ministério, e não teve uma saída suave, assim como “uma vela que se apagou” ...
Na coluna do Paulo Sant´Ana de 7 de maio de 1993, o colunista assim se refere ao episódio:
“... Esta flutuação da ministra Yeda Crusius por Brasília, sem pasta, sem planejamento, sem norte, um vazio administrativo a rondar-lhe os passos hesitantes, é um cartaz eloquentemente negativo do governo.
Somente a irresponsabilidade e o despreparo governamental explicam a colocação de Yeda Crusius no Ministério do Planejamento. Se a gente for contar aos netos, na passagem do século, eles não acreditarão: fizeram um plano econômico, anunciado com impacto à nação, sem consultar a ministra do Planejamento. Mas se ela não planeja, o que faz?
...
...
Aí ela chegou [ao Palácio do Planalto, para o anúncio do Plano Real], visivelmente contrariada, demissionária, sem poder, esvaziada, vivendo a sensação de um espectro bailante e amorfo em meio ao ministério. E desde aquele dia Yeda Crusius permanece na UTI do ministério, ligada aos tubos, com difícil respiração artificial. É uma ministra-fantasma, um ente ficto, um ectoplasma tecnocrático, uma utopia dirigencial, uma avacalhação mais completa do papel da mulher na valorização última e elogiável de seu sexo na civilização moderna. ...”
*** ***
Do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
Ectoplasma: 1 camada mais externa do citoplasma 2 substância visível considerada capaz de produzir materialização do espírito.
Fantasma: 1 aparência destituída de realidade; puramente ilusória
Ficto: 1 em que há simulação; falso, inventado, simulado.
Um comentário:
Prezado "biruta",
Parabéns pelo teu blog. Gostaria de saber se tens como confirmar a data da coluna do Paulo Santana que se refere no teu comentário. Tens o jornal da época? se tens, terias como repassas por e-mail?
Um abraço.
Postar um comentário