No Brasil o salário mínimo do povo trabalhador e aposentado sofrerá um reajuste de 8,5% e atingirá o valor de R$
Com o aumento dos salários de deputados federais e senadores, aumenta automaticamente a remuneração dos deputados estaduais e vereadores de todo o país, vinculada constitucionalmente a de seus pares federais. Aumenta, em conseqüência, o enorme disparate entre a renda da população e daqueles eleitos para representá-la. Com o indecente aumento – indecente na forma privilegiada de legislar em interesse próprio e no valor fixado – os parlamentares buscam equivalência com os integrantes do Poder Judiciário, que já percebem salário de R$ 24.500.
A repulsa da sociedade à tentativa dos parlamentares deve servir para a reflexão sobre a verdadeira deformidade na remuneração do setor público processada ao longo de décadas. Como pode haver um teto salarial [que ao invés de teto funciona como remuneração efetiva] de R$ 24.500 no Judiciário se o mais importante funcionário público do País, eleito por 58 milhões de brasileiros/as, percebe cerca da metade deste valor?
Os privilégios no Legislativo, Judiciário e Ministério Público de arbitrar o próprio salário, independentemente da realidade nacional, criaram castas de funcionários públicos com salários muito superiores à média paga no Executivo. As enormes diferenças reproduzem a natureza desigual e injusta da sociedade brasileira, que ostenta a maior taxa de concentração de renda do mundo e a mais escandalosa desigualdade social e econômica.
Este momento de inquietação pública bem que podia estimular um movimento cívico para se discutir a fixação, por exemplo, de um teto salarial para todo o setor público em no máximo 30 vezes o valor do salário mínimo. Igualmente seria salutar para a democracia a discussão pública e transparente acerca dos salários pagos a funcionários de empresas estatais e em instituições financiadas com recursos do erário, como as do Sistema “S” e o Sebrae.
Os brasileiros que vivem com salário mínimo – aquelas 80% de famílias do nosso povo – poderiam confiar, desse modo, que o Brasil finalmente possa se encontrar com um destino de justiça e menos desigualdade.
Um comentário:
Recebi msg, na qual uma pessoa, apesar de considerar positiva a manifestação popular contra o aumento dos deputados/as e senadores/as, afirmou que a manifestação popular deveria ser maior no sentido de que também cobrássemos os aumentos abusivos do judiciário. A questão é exatamente essa: pôr na ordem do dia das discussões populares estas distorções de legislar em causa própria, principalmente, no tocante aos aumentos salariais. O Judiciário tem uma peculiaridade a mais, os/as juízes/as superiores não são eleitos pelo povo, o que torna qualquer manifestação nesta ordem muito mais "pesada" e difícil para a população.
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