Jeferson Miola, integrante do IDEA – Instituto de debates, estudos e alternativas de Porto Alegre - jmiola@uol.com.br
Finalmente a imprensa gaúcha é forçada a noticiar a verdadeira situação administrativa e financeira em que o Estado do Rio Grande do Sul está sendo deixado pela mesma composição partidária que assumirá o comando do governo gaúcho em 1º de janeiro próximo, entretanto com Yeda-Feijó em lugar de Rigotto-Holfeldt.
Durante os últimos quatro anos o governador Rigotto foi protegido por uma cobertura parcial e conivente de toda a grande mídia gaúcha – desta feita, não só do grupo RBS – que ocultou da sociedade a grave crise tanto da administração pública como da economia gaúcha.
É ululante dizer que faltou compromisso analítico e independência à mídia local para identificar os nexos de causalidade entre esta realidade de colapso econômico e administrativo do Rio Grande e o fracassado modelo implementado, com aumento indiscriminado de impostos, Fundopem concentrado para mega-empresas, manutenção de privilégios, abandono de estratégias de desenvolvimento, sucateamento da UERGS e da educação profissionalizante. A situação das finanças públicas do Rio Grande é gravíssima e vinha sendo denunciada em vão pela oposição nos últimos três anos, mas somente agora é revelada na sua dramaticidade real. Na eleição, porém, foi categoricamente desmentida por Rigotto com a complacência da mídia.
A ausência de compromisso crítico e independente da imprensa esterilizou o verdadeiro debate público que o Rio Grade deveria ter realizado em busca de alternativas para o desenvolvimento regional diante dos formidáveis estímulos criados pelo governo Lula, que aportou recursos, investimentos púbicos e privados como não ocorreu no Estado nas últimas duas décadas.
Ao contrário disso, a discussão da crise foi editorializada para não favorecer o PT e o sentimento oposicionista na população. Prevaleceu a tese simplista de atribuir peso absoluto ao clima e ao câmbio pela determinação da crise, abstraindo os equívocos e as responsabilidades do governo estadual e das forças conservadoras cujas opções de governo atrasam o Estado. Essas duas variáveis atravessam os tempos, e nem por isso impediram o crescimento do Estado durante os governos de Alceu Collares e de Olívio Dutra, mas foram tratadas como fatalidades incontornáveis para o governador Rigotto.
Diante da exposição pública do descalabro do Estado – mesmo porque não há que temer riscos eleitorais porque a eleição já passou – a mídia fica obrigada a publicar esta realidade. E o faz, contudo, desde uma perspectiva fragmentária e alienante, dificultando a compreensão totalizante pela população e o conhecimento, por exemplo, de que uma única empresa abocanhou hum bilhão de reais em benefícios fiscais.
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