segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Tortuosidades no caminho do PT em Porto Alegre

Nem são necessárias muitas pesquisas para constatar-se que a Administração Fogaça em Porto Alegre é um retumbante fracasso. Uma Administração fraca, que porém se ampara nos próprios mitos de manter mudanças com ampliação de conquistas. Um governo que rasgou a principal bandeira prometida na campanha eleitoral, a área de saúde - vide ratos no HPS, demissões das equipes de saúde de família, colapso da rede de atendimento, etc. E que vem espezinhando no funcionalismo, depois de ter prometido o nirvana, a despartidarização, a recomposição salarial e outras balelas demagógicas.

Diagnosticar a palidez do governo Fogaça e a partir disso intuir automaticamente que o PT tem as principais chances de retornar à prefeitura de Porto Alegre pode ser um veneno que o próprio PT estará se preparando. A faceirice de análise não produz vitória por antecipação, ainda que o entusiasmo com essa possibilidade seja equivalente à importância em se reconquistar Porto Alegre como parte do esforço de fortalecimento do que resta da esquerda do PT no país pós-Congresso que, ao que tudo indica, renovará o poder da velha maioria que causou o maior estrago da história do partido.

O caminho para o PT gaúcho atingir este objetivo é tortuoso e preocupante:

[i] terá de passar pelas prévias internas, um instituto que apesar de regimental, traz o temor de desgastar, dividir e sangrar o PT ao invés de fortalecê-lo e coesioná-lo para a luta eleitoral;

[ii] ao que tudo indica, o PCdoB terá mesmo a candidatura da Manuela com o apoio ao menos do PSB. Só em probabilidade estatística – seria quase como contrariar a lei da gravidade – a esquerda alçaria duas candidaturas ao segundo turno em Porto Alegre;

[iii] Manuela é a principal novidade política das eleições municipais, criando condições qualitativamente distintas na próxima disputa [que poderá acidentar as pretensões do PT];

[iv] o ilusionismo [ou camaleonismo e transformismo] da direita, que captura os elementos que constituem o programa do PT e mistifica a política é uma fórmula que vem dando certo do ponto de vista propagandístico e midiático;

[v] como as eleições municipais de 2004 nos principais centros urbanos gaúchos [Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas] demonstraram, o PT deixou de ser o beneficiário automático das dificuldades, impasses e dilemas da classe dominante gaúcha. As eleições de Rigotto e Yeda também são expressão desse fenômeno. O PT deu motivos para isso, em grande medida devido aos descaminhos do partido nacionalmente;

[vi] no Rio Grande – e principalmente em Porto Alegre – o governo Lula e os erros cometidos pelo PT [que não fez o ajuste de contas internas e não fará no Congresso] repercutem com outra qualidade no imaginário social. O acidente do avião da TAM, cujos passageiros em sua maioria eram vinculados ao Estado e à capital, decodifica uma nova dimensão da repulsa ao PT. E potencializa um sentimento ainda mais odioso e irracional.

Mais que pesquisas, o PT precisa buscar novos referentes para construir a reconquista de Porto Alegre. Com força, renovação e sobretudo ouvidos e atenção.

3 comentários:

Agente 65 disse...

Concordo plenamente.

Claudinha disse...

Eu e o Eugênio também concordamos contigo, Biruta. Os péssimos números que rondam o Fumaça não são indicativos de que estejam migrando para o PT. "Ojo!" como diriam meus hermanos argentinos, que a coisa precisa ser levada a sério pelo partido.

Marstin disse...

Vem aí, se a direita sentir o navio afundando..Pedro Simon na prefeitura de Porto Alegre..e com Manuela de vice...quem viver verá..
Espero estra errado