Jeferson Miola
Diante de escândalos como os que envolvem, por exemplo, “suas excelências” do Congresso Nacional, sempre há o risco da generalização de responsabilidades e da despolitização da análise. Até porque amaldiçoar a política e os políticos é o esporte predileto dos privatistas de toda espécie, que propugnam a superioridade do mercado e da esfera privada em relação à esfera pública, à política e à democracia.Com a ausência de vozes parlamentares insurgentes a toda a patifaria e canalhice de “suas excelências” do Congresso Nacional, entretanto, é inevitável o total descrédito da política brasileira atual e dos atuais mandatários.
A desfaçatez das Mesas da Câmara e do Senado na preservação das mordomias e regalias com “outras técnicas” diversionistas, é acompanhada do “silêncio cretino” de parlamentares dos quais, no mínimo, se esperaria uma reação sensata e de maior espírito público. A sensação, tristemente, é de captura ampla, generalizada.
Neste quadro de deterioração do exercício da função pública, me inclino seriamente, nas eleições de 2010, a somente votar em candidato/a que, no bojo de sua ação parlamentar e além de outros compromissos políticos gerais de esquerda, também assumir com prioridade determinados compromissos de mandato, como:
- ampla reforma política com adoção de listas partidárias, federação de partidos, financiamento público, fidelidade partidária, proibição de coligações proporcionais e cláusula de barreira;
- obrigatoriedade de quotas mínimas de mulheres e afro-descendentes em listas partidárias;
- adoção do unicameralismo, com a conseqüente extinção do Senado Federal;
- mudanças do sistema de voto eletrônico, introduzindo a impressão de comprovantes de votação e a amostragem obrigatória do escrutínio;
- revisão da periodicidade e dos calendários eleitorais, unificando datas e ampliando a duração de mandatos para pelo menos cinco anos;
- revogabilidade de mandatos executivos e legislativos, mediante mecanismos periódicos e/ou circunstanciais para a revisão da representação eletiva;
- redução do número de deputados federais, estaduais e vereadores e eliminação das distorções quanto ao número de parlamentares por unidades da federação;
- adoção de princípios plebeus e não-profissionais para o exercício de mandatos, com o rechaço dos “mecanismos acessórios” e não-essenciais, que são, em verdade, fontes de corrupção e de “captura” pelos privilégios e facilidades;
- reforma ampla do judiciário, com extensão e magnitude equivalentes à reforma política necessária e exigida.
Um comentário:
Corres o risco de não votar em ninguém, o que não acho má idéia, se não fosse a importância do processo eletivo... Não acredito que possa ter um candidato que consiga cumprir com tuas exigências...
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