Não é nenhuma novidade que o Grupo RBS é mais que um monopólio de comunicação do Sul do Brasil; o Grupo é o mais poderoso partido político da direita do Rio Grande do Sul; a expressão orgânica e militante do ideário conservador. E a RBS não só age enquanto verdadeira potência, como tem consciência do próprio poderio, sabendo tirar sempre o máximo proveito de tal condição.
Se é verdade que para a esquerda do PT e para a esquerda em geral é fundamental e estratégico reconquistar Porto Alegre com Miguel Rossetto para recuperar uma capacidade de audiência hegemônica a partir dos valores fundantes e radicais do PT, também é verdade que para o “Partido RBS” o empenho estratégico consiste justamente em interditar esta rota.
Não são fortuitas as matérias e colunas publicadas no jornal Zero Hora de hoje desafiando o PT a realizar debates televisivos ou radiofônicos entre as duas pré-candidaturas que disputam a prévia partidária.
A “sugestão” é um total despropósito. O PT é um partido político, e, enquanto tal, uma associação civil de direito privado que congrega pessoas que voluntariamente se associam a ele em razão de identidades teóricas, políticas, programáticas e ideológicas.
O PT, como um partido político, tem suas próprias regras democráticas e mecanismos internos de deliberação. Suas decisões, políticas e opções são adotadas exclusivamente pela sua comunidade interna que esteja regimentalmente em dia para participar das deliberações partidárias.
Já o “Partido da RBS”, ainda que um monopólio privado, é uma concessão pública que deveria observar minimamente o direito à diversidade no jornalismo que pratica, o que sonega absolutamente.
O “Partido da RBS”, que subitamente aparenta compromisso com a democracia e com a irradiação dos debates do PT, deveria demonstrar gestualmente e concretamente uma mudança de atitude, deixando de blindar os governos Yeda e Fogaça e deixando de sonegar espaço jornalístico para a expressão política da oposição a estes governos.
O “Partido da RBS” poderia ir além e radicalizar sua condição de concessão pública transmitindo, por exemplo, todas as reuniões do seu Conselho de Administração e Diretoria pela Rádio Gaúcha, TVCom e RBSTV. Ou então transmitindo as reuniões do Conselho Editorial da Zero Hora, principalmente as que decidem as pautas e definem linha editorial para as eleições, por exemplo.
Ao invés de ficarem atentando contra a organização partidária e principalmente contra o PT, caso o Grupo RBS agisse assim estaria prestando um verdadeiro serviço à democracia e à transparência.
3 comentários:
Escrevi, agora há pouco, no RSurgente, que começo a ficar otimista em relação à eleição municipal. No meu entendimento, essa turma está acusando o golpe. Tamanho desrespeito, desprezo pelo partido na sua forma de organização, lembrou-me daquela máxima "quem desdenha, quer comprar".
Não é novidade o quanto esta empresa criou o sentimento anti-petista na população. E que tais colunas (só li a da abelha-rainha) poderiam ser mais uma estratégia anti-petista. Não deixam de sê-la, mas me deu a sensação - e espero estar certa - de que a turma está preocupadíssima: "mostrou" que o PT parte para a eleição sem os antigos aliados da Frente Popular. Ora, se o PT está sozinho, por que a preocupação por não terem dado bola à mídia?
Por que tratar da prévia com tamanho desprezo, se nós sabemos que a pauta na mídia corporativa também se define por aquilo que NÃO SE DIZ?
Ao quererem mostrar aos leitores midiotizados de ZH a "fraqueza" do PT nessa eleição, desfazendo o partido, no meu entendimento, foi a dica para acreditar que, desta vez, terão que fazer mais para contribuir com o anti-petismo. Acho que não está colando mais essa retórica. Talvez, porque tenha diminuído o nº de assinantes e de compradores, ou seja, o público que lê esta porcaria e acredita no que lê, é aquele público que jamais votou ou votaria no Partido dos Trabalhadores.
Já o público que tem 2 neurônios, mas assina e compra por várias razões, pode se dar ao luxo de gastar seu dinheiro e apontar todas as maldades, as sacanagens, as mentiras, as burrices, em suma, sabe que o que lê não se compra, portanto, podem inventar bastante, que não cola.
E tem o público que sacou a empresa, seus interesses, e deixou de consumir lixo. Este tb não se deixou enganar mais.
Por isso esperneiam, gritam, desqualificam, desesperam-se.
E, repito, espero não estar enganada...
Claudia Cardoso.
Complementando: Por isso os articulistas de ZH esperneiam e gritam e se desesperam.
Claudia.
Parabens! pela sua esplanação a respeito do´PT. Sou de S/C Chapecó. Sempre estou atento aos post da Biruta Azul.Muito bom seu blog.
ROQUE
Postar um comentário