Porém, essa direita revela não possuir criatividade alguma, embora vez que outra mude seus nomes de UDN para PSDB, de Integralismo para PFL para finalmente se chamar Demoscrata. Agora a direita golpista reedita uma campanha nos moldes da TFP – Tradição, Família e Propriedade, e a isso chama “movimento cívico pelo direito dos brasileiros”, resumida no eslogão “Cansei”.
A pretexto do acidente da TAM – que os promotores do “Cansei”, especialistas em aviação como são, consideram um assassinato promovido pelo governo Lula – lançam a campanha em sinal de fim de paciência e de tolerância com o que consideram o estado de “desordem, caos e corrupção” em que se encontra o Brasil.
Falam, obviamente, a respeito do Brasil deles, que não haverão de recuperar para tornar a destruir. Um Brasil patrimonializado privadamente e sorvido suculentamente por eles e seus ancestrais dominantes dessas plagas desde um tempinho imediatamente depois da descoberta, lá pelos 1500 dc.
A campanha “Cansei” carece inclusive de significado etimológico. Não é “cívica”, porque promovida por aqueles que sempre fizeram o jogo dos que nos colonizaram. Com os portugueses pilharam o país herdando riquezas e fazendo fortunas. Até a pouco tempo, quando governavam o país, foram fiéis serviçais dos interesses dos Estados Unidos, contrariando os interesses do Brasil e as necessidades do povo brasileiro.
Este movimento também não defende os “direitos dos brasileiros”, como alega. Ao contrário, tem uma composição social cujos interesses sempre são sobrepostos aos interesses e necessidades universais do conjunto dos brasileiros e brasileiras. Durante séculos sequestram direitos essenciais de vida digna e retiram quaisquer oportunidades de presente e de futuro para todos aqueles que não pertencem à sua classe. Aliás, eles pouco se importam pelos “direitos dos brasileiros”; menos ainda quando os brasileiros não optam eleitoralmente por eles.
Quando governavam o país, acobertavam toda espécie de maracutaia, impediam o trabalho independente e sério da Polícia Federal e protegiam os corruptos e os bacanas que assaltavam os cofres públicos.
Eles não se insurgiram, por exemplo, contra a inJustiça brasileira que condenou a jovem negra e favelada Angélica Aparecida de Souza a quatro anos de prisão por ter furtado um pote de margarina de R$ 3,20 para alimentar o filho faminto.
Não se tem notícias de indignação veemente de alguém deles dizendo que “cansou” com o comportamento dos seus filhos riquinhos que mataram incinerado o índio Galdino dos Santos em Brasília.
O que eles fizeram no mês retrasado quando seus filhinhos - construídos na subjetividade de que como ricos são sem-limites de poder e tudo podem - espancaram a digna empregada doméstica Sirlei Dias Pinto pela simples razão de presumirem que ela era uma puta e que por isso deveria ser banida da paisagem deles?
O negócio dessa gente que promove a campanha “Cansei” é outro. Eles não querem saber de nada “cívico” e menos ainda de “direitos dos brasileiros”, de justiça social e de democracia.
O negócio deles é negócio mesmo. Do tipo graúdo, de quem não se conforma em ter sido derrotado eleitoralmente e de ter perdido a possibilidade de continuar manietando o Estado e o orçamento trilardário para continuarem acumulando privativamente e em benefício próprio.
É por isso essa maquinação toda. Arquitetada pelos ricaços, pela Fiergs, por publicitários direitistas, mega-empresários, OAB/SP e o reacionarismo tucano-pefelento.
Eles são, na realidade, a antítese radical ao que dizem ser. Com cinismo declamam um estranho gosto pelo civismo, pelos direitos dos brasileiros, pela justiça e pela solidariedade. A começar pelo eslogão “Cansei”, egoísticamente na primeira pessoa do singular, que se contrapõe a toda a imensa maioria que nunca nos cansamos de lutar contra a opressão e injustiça existentes, até conseguirmos eliminá-las por completo.
Eles frequentam a DasLu, sonegam impostos, promovem festerês nababescos, se locupletam com os privilégios de uma acumulação privada indecente e se cercam nos seus condomínios luxuosos com medo do sábio povo que não faz quórum à sua campanha golpista.
São a exata contraposição simbólica à grande maioria humilde e digna do Brasil que frequentamos as DasPu, que nos inquietamos com a fome de quem está ao nosso lado e repartimos o pão e que acreditamos que apesar das limitações e contradições do governo que elegemos, ele é incomparavelmente melhor e faz muitíssimo mais que eles fizeram no país em todos os quinhentos anos que governaram.
Nunca nos cansaremos de lutar contra toda demagogia, toda vilania e toda a movimentação golpista que busca combater este governo eleito democraticamente, como eles já fizeram em 1964. Serão as centenas de milhões de incansáveis que garantirão a realização das mudanças ansiadas pelo povo brasileiro, e não aqueles que, mesmo provindos do serpentário da direita, hoje estão assentados na Esplanada de Brasília.
Um comentário:
Na Internet, essa cambada já está completamente desmoralizada. Resta saber, se o povo pobre brasileiro vai se dar realmente conta dessa armação.
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