Jeferson Miola*
Artigo publicado no Jornal Zero Hora em 25/11/2011**
Artigo publicado no Jornal Zero Hora em 25/11/2011**
Era 23 de junho de 2000 quando tivemos o privilégio de conhecer pessoalmente Danielle Mitterrand. Foi num encontro mantido no modesto escritório da Fundação France-Liberté, localizado na Rua de Milan, em Paris. O motivo do nosso encontro com ela: apresentar-lhe o que então ainda era uma ambiciosa ideia e que posteriormente se converteria num poderoso empreendimento da sociedade civil mundial: o Fórum Social Mundial, cuja primeira edição finalmente se concretizaria entre os dias 25 e 30 de janeiro de 2001 em Porto Alegre.
Naquela viagem, nos dirigíamos a Genebra, Suíça, onde lançaríamos a convocatória mundial do Fórum num evento da sociedade civil organizado no marco da reunião da ONU para avaliar os resultados da Cúpula de Desenvolvimento Social de 1995, o Copenhagen+5. Estávamos, o então vice-governador do Estado Miguel Rossetto e eu, que posteriormente assumiria a incumbência de coordenador executivo do FSM. A passagem por Pa ris com uma brevíssima parada de não mais de 15 horas não foi fortuita. Ali pretendíamos nos encontrar com Danielle Mitterrand com a pretensiosa missão de demonstrar-lhe o imperativo histórico da iniciativa nascente, e receber em contrapartida seu engajamento e seu entusiasmo.
Aquela mulher de posições claras e decididas, com as cicatrizes marcantes de quem testemunhou grande parte do século tenebroso da Europa das guerras, do holocausto e das humilhações, prontamente se associou à convocatória. Um gesto de coerência com toda sua trajetória de vida; uma atitude de confiança no futuro e uma outra prova de abnegação de quem, durante sua vida, sempre se engajou em projetos de mudanças e nas lutas pela justiça social e pelos direitos humanos em praticamente todos os continentes.
Desse modo, numa circunstância nada acidental, Danielle Mitterrand se tornou uma das primeiras personalidades influentes do mundo a emprestar seu n ome e sua imagem à construção do Fórum Social Mundial e às ideias generosas de um “outro mundo possível” que embalaram multidões e ajudaram a construir governos progressistas e de esquerda vigentes hoje em muitos países, principalmente da América do Sul.
Àquela altura da vida, com seus 77 anos de idade, sua biografia já estaria escrita. Ela, uma mulher que na juventude enfrentou corajosamente o nazismo na Resistência Francesa e que depois esteve no centro da política e do poder da segunda potência europeia acompanhando as impressionantes mudanças na Europa do pós-guerra, não precisava provar mais nada na vida. Contudo, com a mesma perseverança e coragem que denunciava a hipocrisia dos costumes e da moral conservadora, prestou um importante apoio à construção do Fórum.
Uma figura assim marcante e singular como Danielle Mitterrand é não só um elogio à vida, mas também a comprovação de que o esforço de constru ção de um mundo libertário, justo e tolerante não pode prescindir dos melhores seres humanos enquanto vivam.
Naquela viagem, nos dirigíamos a Genebra, Suíça, onde lançaríamos a convocatória mundial do Fórum num evento da sociedade civil organizado no marco da reunião da ONU para avaliar os resultados da Cúpula de Desenvolvimento Social de 1995, o Copenhagen+5. Estávamos, o então vice-governador do Estado Miguel Rossetto e eu, que posteriormente assumiria a incumbência de coordenador executivo do FSM. A passagem por Pa ris com uma brevíssima parada de não mais de 15 horas não foi fortuita. Ali pretendíamos nos encontrar com Danielle Mitterrand com a pretensiosa missão de demonstrar-lhe o imperativo histórico da iniciativa nascente, e receber em contrapartida seu engajamento e seu entusiasmo.
Aquela mulher de posições claras e decididas, com as cicatrizes marcantes de quem testemunhou grande parte do século tenebroso da Europa das guerras, do holocausto e das humilhações, prontamente se associou à convocatória. Um gesto de coerência com toda sua trajetória de vida; uma atitude de confiança no futuro e uma outra prova de abnegação de quem, durante sua vida, sempre se engajou em projetos de mudanças e nas lutas pela justiça social e pelos direitos humanos em praticamente todos os continentes.
Desse modo, numa circunstância nada acidental, Danielle Mitterrand se tornou uma das primeiras personalidades influentes do mundo a emprestar seu n ome e sua imagem à construção do Fórum Social Mundial e às ideias generosas de um “outro mundo possível” que embalaram multidões e ajudaram a construir governos progressistas e de esquerda vigentes hoje em muitos países, principalmente da América do Sul.
Àquela altura da vida, com seus 77 anos de idade, sua biografia já estaria escrita. Ela, uma mulher que na juventude enfrentou corajosamente o nazismo na Resistência Francesa e que depois esteve no centro da política e do poder da segunda potência europeia acompanhando as impressionantes mudanças na Europa do pós-guerra, não precisava provar mais nada na vida. Contudo, com a mesma perseverança e coragem que denunciava a hipocrisia dos costumes e da moral conservadora, prestou um importante apoio à construção do Fórum.
Uma figura assim marcante e singular como Danielle Mitterrand é não só um elogio à vida, mas também a comprovação de que o esforço de constru ção de um mundo libertário, justo e tolerante não pode prescindir dos melhores seres humanos enquanto vivam.
* Jeferson Miola foi coordenador executivo do Fórum Social Mundial, exerce a função de Coordenador da Secretaria do Mercosul em Montevideo, Uruguay
Nenhum comentário:
Postar um comentário