Durante seu recolhimento de avestruz no Palácio das Hortências em Canela, dentre as raras visitas que a Governadora Yeda recebeu naqueles dias, uma muito intrigante foi a do Coronel Mendes. Vale recordar que o Coronel Mendes, de atuação truculenta, covarde e impiedosa com os movimentos sociais, quando esgotado o prazo legal no Comando da Brigada Militar, foi premiado por Yeda como Juiz [sic] do famigerado Tribunal Militar do RS.
O clima, naquela primeira semana de agosto, era de denúncias da corrupção e do descalabro do governo, acompanhado de manifestações sociais vigorosas, promovidas por organizações civis.
Quando se encontraram em Canela, Yeda e Coronel Mendes devem ter delineado os planos de atuação das polícias, as operações de guerra e as medidas repressivas que seriam adotadas em reação ao cenário desfavorável e de mobilização social intensa. Afinal, é assim que fazem governantes desmoralizados, enfraquecidos e intolerantes com o que lhe é adverso: praticam a violência drástica.
O colono sem-terra Elton Brum da Silva, que fazia parte da ocupação da Fazenda Southall, foi alvejado no peito com tiros de espingarda doze da Brigada Militar. Eltom se tornou, com o drama da sua morte, a primeira e visível vítima fatal do política repressiva inconseqüente delineada por Yeda e o Coronel Mendes.
É absolutamente inaceitável a execução de uma ordem de desocupação de homens, mulheres e crianças com contingentes exagerados e de Polícia de Choque e policiais portando armas e munições letais. Para quê? Se existem munições não-letais, para quê usar as letais, isso se comprovadamente fosse o caso de usá-las? Para quê? Mil vezes: para quê, Governadora Yeda e Coronel Mendes?
O governo Yeda, que matou a moral, a ética e a dignidade da política, acabou de assassinar o colono Elton. Lamento a naturalização que se faz da quebra dos valores democráticos, substituindo-os também naturalmente pela opressão e selvageria oficiais.
A mídia tem parcela importante de responsabilidade nisso. A mídia, que tanto glamourizou o Coronel Mendes como um Rambo heróico e sempre espetacularizou suas ações violentas, deveria ser um vetor de educação democrática, não de sacralização da violência estatal contra o povo como método de contenção numa sociedade civilizada.
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Complemento às 15:55 h: as informações são de que Elton foi morto covardemente, pelas costas e com tiro à queima-roupa.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Yeda, o Coronel Mendes e o colono sem-terra Elton
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4 comentários:
Excelente!
Importante neste momento ter sua voz (escrita) de volta, Miola!
Muito bom o texto. Havia lido no blog do Marco. Muito bom.
e ai, kara! nada mais? não acontece nada mais depois disso? não tem mais nada a colaborar? vamo lá, peão!
xA: elektrofossile
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