terça-feira, 12 de setembro de 2006

Intendência Gerdau

Chama a atenção, em meio ao tiroteio de números que só retratam a profundidade da crise das finanças estaduais, a divulgação de uma melhora de R$ 483 milhões nas contas estaduais.
Infelizmente a matéria não é verdadeira, porque o Estado não precisaria ter abocanhado o dinheiro dos depósitos judiciais privados para pagar a folha de salários de agosto. E o governo não precisaria aumentar a dívida com juros dos empréstimos do Banrisul para pagar o 13º salário.
Segundo a notícia oficial, R$ 123 milhões teriam sido obtidos com a contenção de despesas e R$ 360 milhões auferidos através de aumento das receitas [além do tarifaço de ICMS] entre fevereiro de 2005 e setembro de 2006.
Apresentado com pomposidade ontem no Palácio Piratini, tal desempenho seria resultado do trabalho de consultoria - sem custos para o Estado - desenvolvido por Vicente Falconi através do PGQP [Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade].
Não se pode esquecer que a cerca de três meses atrás, o mesmo consultor havia divulgado resultados pífios do trabalho em função do que considerou a “liderança fraca” do Governo Rigotto.

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É revelador como o empresário Jorge Gerdau Johannpeter figurou como um dos principais sujeitos da notícia.
Falando como um intendente ao velho estilo das capitanias hereditárias, Gerdau se manifestou como o legítimo governante e capitão do time de governo: “Talvez a observação de Falconi tenha nos ajudado a caminhar melhor. Muita moleza faz a gente perder no futebol.”.
E já houve tempo na política gaúcha em que pela simples nomeação de CC´s [sic], um governo foi acusado de partidarização.
O que dizer da empresarização do Estado e constituição das Intendências Privadas?
O Estado vai mal, mas Rigotto manteve os benefícios fiscais do Fundopem para o Grupo Gerdau.
O intendente quer um Estado cada vez mais mínimo para a população e mais máximo para seu grupo empresarial.

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